Lagar rupestre 🍇
Lagar rupestre
Como estamos a entrar em época de vindimas, o lagar faz parte da cultura do vinho e hoje trago-vos o "lagar rupestre".
Os lagares rupestres existem em toda a bacia do Mediterrâneo. Em Portugal existem diversos lagares e lagaretas espalhados pelo país, mas no concelho de Valpaços, são mais de uma centena. Estão associados à forma primitiva de fazer vinho.
Os lagares rupestres escondem-se por entre a paisagem transmontana, em propriedades privadas, e têm mais de dois mil anos de história. São crateras escavadas nas rochas com um orifício por onde sai o vinho.
Segundo Adérito Freitas, um geólogo e investigador refere: “Na generalidade, são romanos. Estou convencido que os mais antigos poderão reportar há dois mil anos ou mesmo a mil antes de Cristo”.
“Eles [os romanos] escolheram os locais mais próprios à produção de boa qualidade de vinhos. E este vinho já tinha qualidade e admito que tivesse sido exportado para Roma. Eles vinham aqui buscar o ouro, a prata e, depois, mais tarde, o cobre. Porque é que não haviam de levar o vinho?”, Questiona Adérito Freitas, sublinhando “uma particularidade curiosa: ainda hoje, na zona dos muitos lagares, se produz vinho de alta qualidade”.
Os lagares escavados na rocha estão entre os vestígios mais antigos associados ao cultivo da vinha em Trás-os-Montes e há investigadores que acreditam que, neste território, a produção de vinho pode remontar à época pré-histórica. Foram, no entanto, os romanos que incrementaram o gosto pelo consumo do vinho.
Para “valorizar e promover” este património, nasceu em Valpaços a Associação Portuguesa dos Lagares Rupestres (LARUP) que junta várias entidades portuguesas e espanholas. O presidente da autarquia, Amílcar Almeida, afirma que o objetivo da LARUP é “impulsionar” a candidatura dos lagares rupestres a Património Mundial da UNESCO.
O interesse pela descoberta de lagares foi crescendo e, há dois anos, um grupo de engenheiros e enólogos decidiu fazer vinho num desses lagares, como no séc. I.
Em 2018 em Santa Valha, foi recuperado método ancestral de produção de vinho nos lagares rupestres “fez-se uma vindima numa vinha velha, promiscua. Eu acredito que as cepas, a maior parte, tenham sido trazidas já pelos romanos ou pelos fenícios. As uvas foram pisadas no lagar, um lagar fantástico que tem cerca de quatro metros de cumprimento, e o vinho foi apadrinhado por Augusto Lage que lhe deu o nome de calcatório”, conta Adérito Freitas.
Este ano, esse mesmo vinho produzido no lagar rupestre foi apresentado como marca O “Calcatorium” é primeiro vinho de lagar rupestre certificado e rotulado em Portugal.
“O nosso objetivo é colocar Valpaços no mapa da enologia, da cultura e do turismo”, afirmou Augusto Lage, da Associação de Vitivinicultores Transmontanos (AVITRA).
Estes vinhos assumem a designação de “vinho de lagar rupestre”, cabendo à Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) as funções de controlo da produção e do comércio, de promoção, defesa e certificação dos vinhos da região.
Foram engarrafadas 260 garrafas de “Calcatorium” tinto e outras tantas de rosé. Todas elas estão numeradas. O calcatorium é o local onde são colocadas e pisadas as uvas.
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