Sistemas de condução

 Condução

 

A "forma de condução" consiste na disposição espacial que se dá a videira, definida por uma determinada altura do tronco, numero de braços ou cordoes permanentes, tipo de poda (talao, vara ou mista), respetiva carga unitária, disposição das unidades de frutificação e da orientação que e dada a vegetação durante o seu crescimento.

 Existem por todo o mundo vitícola numerosas formas de conduçao, as quais nao sao fruto do acaso ou da preferência do viticultor, sendo antes a consequencia de um conjunto de factores de ordem biológica, pedo-climatica, socioeconómico e de soluções ou imperativos de mecanização.

Seguem-se 23 sistemas de condução:


Poda em Vaso ou goblet 

 

vaso

Tem o nome poda em vaso, taça ou goblet porque os 4 sarmentos sempre em aberto permitem o "encaixe" e a forma de um vaso de flores.

A orientação inicia se com dois sarmentos que serão podados a dois talões de dois olhos cada um, de onde surgirão quatro sarmentos que posteriormente serão podados a dois olhos cada, e com os sarmentos sempre em aberto, vinhas treinadas em formas arredondadas, como árvores/arbustos. É adequada para agricultura seca em climas quentes. Utilizada em espanha, França, África do sul e Califórnia. Existe um sistema de poda muito semelhante a esta, a poda em leque.

 

 

Poda em Leque

 

leque

A educação da Videira é idêntica á empregada para a taça, com a diferença de se deixarem apenas dois braços opostos, de cada um dos quais  parte  um  outro  no  mesmo  plano.


 

 

 

Poda em guyot

 


Guyot duplo
É uma poda mista típica de condução de vinha baixa e exclusivamente ascendente, formada por um talão de 2 olhos e uma vara longa de 5 a 8 olhos e assim com as cargas praticadas (25-35 olhos/videira). Pode ser simples (apenas uma vara e um talão) e pode ser duplo (duas varas e dois talões).

Curiosidades: Foi um viticultor francês, seu nome Guyot, que há cerca de 150 anos, desenvolveu um lucrativo sistema de formação de uvas, que é utilizado como clássico. A poda (guyot) tanto pode ser simples (so uma vara) ou duplo (duas varas cada lado).

Poda em royat

royat bilateral

 

É uma poda curta que é formada apenas por talões de 2 a 3 olhos, distanciados de 15 a 18 cm, aplicável a castas férteis. Fácil execução.

Tanto pode ser unilateral (so um braço) ou bilateral (dois braços cada lado).

 

 

Poda em cazenave

É uma poda mista aplicável só para sebes ascendentes, formada por varas com 4-5 olhos, distanciados de 30 a 40cm e inclinadas cerca de 45º, para evitar a dominância da rebentação nos olhos terminais; há necessidade de também deixar talões para castas vigorosas que tenderão a rebentar preferencialmente nos olhos terminais.

As varas para se sujeitarem àquela inclinação têm de ser atadas a um arame superior.

 

 Poda em galheiros

 

É uma poda curta, de galheiros do Herault, formada por 2 ou 3 polegares, que depois se constituem em braços permanentes, com 1, 2 ou 3 olhos. Aplicável a castas que sejam produtivas desde os olhos da base da vara e em terras férteis. Se as castas não produzirem desde o 3 olho para baixo nao servem para poda de galheiros. 

Vantagens da poda: nao precisa de tutores, fácil podar e formar a cepa, fácil de tratar nas doenças.

Para as uvas nao se sujarem no chao humido é possivel erguer as varas atando na parte superior.

 

Poda de cabeça

É uma poda de vara curta, em que a cepa não se abre em braços, mas sendo decepada na parte superior, e sempre no mesmo ponto, em anos seguidos, de onde brotam sarmentos, que depois sao podados com 1 só olho em geral.


 

 

 

 

 

 

  Poda em Sylvoz

 

sylvoz

É uma poda longa que assenta em varas compridas e arqueadas, isto é, empadas sobre um arame inferior ao nível do cordão, e perpendicularmente ao sentido do arame. A mesma vara funciona como vara de frutificação e como vara de renovação, pois a empa faz dos olhos basais a função dos talões.

Este sistema de poda é recomendado para formas de condução em que há divisão da sebe no sentido ascendente e retombante.



 

 

 

Poda em Lys


lys

Uma videira divide-se em dois cordões que são orientados em sentidos opostos e a níveis diferentes, sendo o do nível superior responsável pela vegetação ascendente e o do nível inferior pela retombante, ficando separados por cerca de 0,35-0,40 m, o que cria uma abertura no sistema ('janela'). A sobreposição de sebes ascendente com retombante é sempre de videiras distintas, a retombante de uma tem sobreposta a ascendente da videira seguinte. Forma associada a poda mista de vara e talão. Este sistema tem revelado boas produções desde o início e com níveis elevados em açúcares, bem como bom estado sanitário das uvas.


 Poda em Lira V

lira

A Lira é constituída por duas paredes vegetativas ascendentes, assentes numa estrutura de perfil em U aberto, com um angulo de cerca de 105º com a horizontal. Cada videira é podada a taloes e é formada segundo 2 cordoes permanentes, diametralmente opostos, cuja vegetaçao é conduzida atraves de arames duplos. O formato final da vegetaçao toma forma de uma lira, originando assim o nome.

Curiosidades: Foi concebida por Alain Carbonneau, em Bordeus, em 1979.

 

 

 

 

 Ramada ou Latada

As ramadas ou latadas sao podas de vara longa, mas tambem pode eventualmente ser mista.

Consistem em estruturas compostas por uma superficie horizontal, formada por barras de madeira, ferro ou betão, servindo de suporte a um conjunto de arames espaçados e dispostos na horizontal. A estrutura é suportada por esteios em granito. As varas sao abertas sem polegar, estendidas e empadas desenvolvendo um coberto de vegetaçao.


 

 

 

 Poda em Cruzeta

cruzeta
 

 

Para colmatar o inconveniente de plantar as videiras em grupo, é possível obter esta condução separando as videiras ao longo da linha mas passando de cordões simples a duplos, isto é, dividindo uma videira isolada em dois cordões que seguem em paralelo nos arames em sentido contrário.

Dada a mais baixa densidade de plantação deste sistema, a mais tardia entrada em produção (altura do tronco) e os elevados custos de instalação (armação), é uma forma que apenas deverá ser utilizada em terrenos mais férteis, que favoreçam o vigor da videira.

 

 

 

Pergola ou parral


É uma forma de poda longa, de grande produtividade, vocacionada para uva destinada a vinho corrente e  para uva de mesa. 

Semelhante as ramadas, é constituida por um tecto horizontal continuo, podada em vara de elevada carga unitaria. A estrutura contem uma rede de arames de suporte das varas, cruzando-se perpendicularmente entre si, pendendo os cachos para parte inferior do coberto vegetal. Todos granjeios sao realizados nessa parte inferior.


Enforcado ou Uveira


uveiras


É uma forma ainda amplamente difundida na regiao dos vinhos verdes e no norte de Italia. A videira, com intervenção humana, cresce e expande quase livremente, como uma liana, ao longo de árvores que lhes servem de tutor natural, prendendo-se atraves das gavinhas, atingindo alturas de 4-5 metros. A poda é executada segundo varas compridas e soltas,originando elevadas produções unitarias. Devido a altura da vegetação e competitividade da folhagem do totor e da videira, a maturação das uvas é incompleta, originando vinhos de elevada acidez e baixo teor alcoólico.








Poda de chaintre ou de rastões


Consiste em educar a Videira rastejante, e, para que os seus frutos não pousem no terreno, as varas são ligeiramente levantadas por meio de forquilhas. Este sistema é conveniente para as regiões muito açoitadas pelos ventos, especialmente á beira mar, porque a posição baixa dá-lhe um grande abrigo, não convindo, porém, para os solos húmidos e frescos, porque seria fácil adquirir às doenças criptogâmicas, além de dificultar a maturação. Na região de colares utiliza-se o método semelhante en chaintre.


Sistema (guyot) Bordalês
 

Bordalés

 

 

É o sistema Guyot de estilo Bordalês.

É uma variante de Guyot duplo com a vara curvada e amarrada em arco.





Sistema (Guyot) Mendocino 
Mendocino



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Semelhante ao Guyot e Bordalês, mas apenas com a diferença de ser triplo ou ter dois patamares (andares).



Sistema Thomery
  

Thomery
.
 
Para se conseguirem braços do mesmo nó, desponta-se ao segundo ano um sarmento vigoroso á altura desejada para a bifurcação e desponta-se em pequeno o gamão nascido do olho terminal para que dos seus olhos muito aproximados ou dos olhos fiadores se desenvolvam vários ramos dos quais se aproveitam dois dos mais bem formados. Este sistema é duplo emitido a cepa duas ramificaçoes em sentido oposto.

Sistema Mezrouze 

Mezrouze



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste as varas ficam distanciadas 40 a 50 centímetros e a vara é mais comprida que a do sistema Casenave, sendo depois recurvada e ligada á cepa.



 
 
 
 
 
 
Poda de báculo
 

Baculo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É semelhante á do cordão Sylvoz, ficando os braços com 40 a 50 centímetros de comprimento, da extremidade dos quais parte a vara que, quando é empada, não passa para baixo do tronco horizontal,  sendo a  sua ponta a ele ligada junto do braço vertical.






Sistema Scott Henry

Curiosidades: Este sistema nasceu na década de 70 nos EUA, pelo viticultor Scott Henry.

Consiste em dividir a vegetação da espaldeira verticalmente, com grande poda nas varas. Em cada videira se formam dois cordoes altos com braços paralelos. O superior dá lugar a uma vegetação ascendente, apoiada em espaldeira e a inferior da lugar a uma vegetação descendente em cortina. Assim se permite aumentar a área foliar. O espaço entre os arames facilita a entrada de ar, luz e permite a secagem em caso de chuva, diminuindo as doenças. 

Adapta-se bem a vinhas de alto vigor. É um sistema parcialmente mecanizável, a nível superior de vegetação, requer trabalho na gestão e a instalação é cara.

 

Sistema “Kouloura”

O sistema “Kouloura” utilizado na região vinícola de Santorini. Parecido com um cesto, é constituído por cerca de 4-6 varas (lançamentos primários da videira) com 8-12 gomos cada. As varas são entrelaçadas à volta do corpo principal da videira, formando um pequeno cesto. O cesto é amarrado perto do solo a uma altura de 10–20 cm1, 4.

Por outro lado, o “Koulouba” (os cestos ao estilo antigo) são criados entrelaçando varas ano anterior sobre varas ano seguinte, sendo que a estrutura tipo cesto demora alguns anos a desenvolver-se.

Em condições ideais, o formato do ”Kouloura” permite que os cachos sejam posicionados dentro da estrutura em forma de cesto, para que os bagos possam amadurecer gradualmente protegidos da luz solar e dos ventos fortes ocasionais e dos consequentes jatos de areia.

 

Sistema Smart Dyson

smart dyson

Concebido por Richard Smart, é uma forma muito semelhante ao Scott-Henry, diferindo apenas na constituição de um único cordão bilateral.

Na fase de formação, todos os gomos das varas permanecem, com vista a estabelecer, no ano seguinte, talões dispostos alternadamente para posição superior e inferior, cuja vegetação é conduzida, no decorrer do ciclo vegetativo, em dupla espaldeira (sebe ou parede vegetativa), ascendente e descendente.

A orientação dos talões para baixo é facilmente conseguida a partir do 1º ano de divisão da vegetação, já que os pâmpanos que são forçados para a posição descendente, ao lenhificarem posteriormente, possibilitam talhar talões que, nessa altura, estão obviamente já dirigidos para baixo.


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