O enxertador 👨🏻🌾
ℙ𝕣𝕠𝕗𝕚𝕤𝕤õ𝕖𝕤/𝔸𝕥𝕚𝕧𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖𝕤 𝔼𝕩𝕥𝕚𝕟𝕥𝕒𝕤
𝐎 𝐄𝐧𝐱𝐞𝐫𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫 𝐝𝐞 𝐕𝐢𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚𝐬
É o profissional que tem conhecimento e habilidade para realizar a enxertia, que é a técnica de unir dois ou mais órgãos vegetais para que eles cresçam juntos.
Nos anos 50, 60 e 70, o profissional geralmente camponês ou jornaleiro conhecia os segredos antigos da enxertia como quem conhece os membros da própria família. Muitos herdavam a arte dos pais ou tios, aprendendo desde cedo.
Durante a primavera, quando os gaipos começavam a despontar, o enxertador era chamado de quinta em quinta, munido de uma navalha bem afiada, uma serra pequena, cordéis de esparto ou ráfia e, mais tarde, fitas plásticas rudimentares. Enxertava sobretudo em garfo ou em fenda inglesa — técnicas simples, mas eficazes — escolhendo com precisão os garfos a usar, muitas vezes transportados em molhos atados com folhas de piteira brava.
A roupa era modesta: camisa de flanela, colete de lã, calças de cotim e uma boina que o protegia do sol e da chuva. O enxertador levava um bornal com pão de milho, chouriço e um naco de queijo de cabra. Trabalhava curvado, com gestos calmos mas firmes, e conversava pouco — a enxertia exigia atenção, e cada corte mal feito podia comprometer uma cepa inteira.
O trabalho era sazonal, mas essencial. A vinha era a riqueza de muitas famílias, e o vinho caseiro, orgulhosamente guardado em pipos e tonéis, era motivo de convívio e moeda de troca. Enxertar não era só técnica: era também esperança de melhores colheitas, proteção contra a filoxera e adaptação a novas castas.
Apesar da dureza do trabalho, havia orgulho. O enxertador deixava atrás de si fileiras promissoras de videiras renovadas, que voltariam a dar uvas generosas no outono.
Era um ofício de mãos calosas e sabedoria silenciosa, enraizado no ciclo da terra e na tradição agrícola.
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