Poda de formação na vinha nova 🍇
Chegou a altura das podas que por todas as vinhas do país se fazem as tais "podas de inverno", já falei anteriormente sobre a poda de inverno aqui no blogue e hoje partilho fotos da poda feita este mês na minha vinha nova com o meu avô.
Como a vinha é nova a poda feita foi de formação (2° ano).
A poda de formação é feita durante os primeiros anos após o plantio, com o objetivo de adequar o formato da planta, conforme o sistema de condução adotado no futuro, e direcionar para obter uma excelente formação das estruturas da videira, como: tronco, braços e esporões e/ou varas.
A poda de formação também é constituída por 2 fases:
Fase de vara vertical
No primeiro ano a poda é feita a um olho após a plantação para estimular o enraizamento e na primavera, elimina-se os lançamentos extra para focar no principal.
No segundo ano (Poda de inverno): se a Videira for vigorosa a poda é feita a dois olhos, se for menos vigorosa a Poda é feita a um olho. E na primavera, limpa-se os lançamentos indesejados novamente.
Toda a poda de formação passa pela fase de 'vara vertical', vara única eleita das varas oriundas do garfo da enxertia, orientada na vertical e que consoante o vigor expresso e a altura do tronco pretendida, contém um número limitado de olhos.
O número de olhos normalmente varia entre 3 a 6 olhos, que podem posicionar-se a um nível mais elevado do solo por supressão de alguns olhos basais, e para castas de entre-nós muito curtos, podem-se cegar olhos alternadamente para ganhar altura.
Esta fase sucede ao segundo ano após a plantação, quer de bacelos quer de enxertos-prontos.
A rebentação ocorre prioritariamente nesses olhos que foram deixados na vara vertical dando origem às varas mais vigorosas; este aspeto é muito importante, pois dos seus níveis de inserção se parte para a posterior formação dos cordões ou braços uma vez definida a altura de tronco.
Fase formação dos braços
O ano da formação dos braços é importante:
1. Serem escolhidas varas vigorosas e oriundas de olhos do lado contrário àquele para onde se dirigem, por uma razão de ordem física, dado que se deve proceder a uma empa (curvatura) no sentido contrário à tendência da mesma esgaçar. No caso de se tratar de um cordão duplo, com divisão do cordão em dois, estes devem 'cruzar-se' em sentidos opostos (a), garantindo mais estabilidade à videira e não desperdiçando tanto arame não preenchido com cordão (b).
2. Não se deve eleger a vara do gomo terminal, mas sim do penúltimo gomo e que respeite a posição do gomo referida atrás; isto porque, o último entre-nó da vara vertical é normalmente mais fino e portanto não contém as mesmas reservas do que o anterior. Evita-se assim um 'ponto de fragilidade' entre a vara do ano anterior e o início da vara que forma o braço.
3. em função do vigor da vara e da altura do arame ao solo, onde a vara vai dar entrada, colocam-se sempre algumas questões:
- se a melhor e às vezes a única vara, está demasiado próximo do arame de inserção (limite 20 cm) vai originar uma curvatura demasiado forçada e de pouca flexibilidade. Uma solução passa por atrasar a entrada no arame nesse ano, elegendo uma vara mais fraca para formação de nova vara vertical; caso não haja outra vara a eleger, a disponível próxima do arame dará entrada recorrendo-se a uma ligeira curvatura do próprio tronco para minimizar uma curvatura forçada.
- se a vara é suficientemente vigorosa para a extensão pretendida, isto é, para dar a curvatura no nível ideal e ainda percorrer pelo menos metade do comprimento final, são cegados os olhos situados abaixo do arame incluindo os da curvatura e concentra-se a carga toda na parte da vara horizontal assente sobre o arame. Em condições de excelente vigor, perante varas muito vigorosas, não é aconselhável a prática de deixar carga na vara do ano na vertical, cegar os olhos da curvatura, e deixar ainda carga na vara já empada na horizontal. Isto porque se corre o risco da videira só responder aos olhos da parte da vara vertical, e não ou muito fracamente, aos da parte da vara na horizontal, 'puxando atrás' como vulgarmente se diz.
4. Para uma resposta regular dos olhos deixados na vara horizontal deitada sobre o arame, é relevante a forma de atar a vara ao arame. Deste modo, não se devem poupar atilhos para que a vara fique bem estendida sobre o arame, e garantir uma curvatura harmoniosa sem formação de ângulos sendo importante o primeiro atilho suceder sempre ao primeiro olho da vara.
5. É essencial garantir a limpeza primaveril de rebentações oriundas dos olhos cegados nas curvaturas e abaixo delas (poda em verde/ espoldra), pois pelo efeito da empa verifica-se uma afluência preferencial de seiva a essas rebentações em detrimento das da carga deixada à poda. Para minimizar esta tendência há que realizar convenientemente o corte dos gomos, com a face da lâmina da tesoura mais rasa apoiada na base do olho, caso contrário, podemos eliminar o gomo principal mas não os secundários que rebentarão na falta do principal.
Pelas mesmas razões se devem manter as videiras limpas de ramos ladrões, proveniente de olhos dormentes do tronco da videira, que nesta fase correspondem à antiga vara única vertical.
A partir daqui é só adoptar um sistema de condução e aplicar.
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